AP Entrevista: Maik


Publicado em: 1/8/2021

Confira a entrevista completa com Maik, um dos All-Starts do AP61.

 

O ex-goleiro da seleção brasileira de handebol participou das Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. 

 

Como é a emoção de participar dos Jogos Olímpicos, sobretudo no seu país?

Só de lembrar já me arrepia. A emoção de estar em quadra com a torcida a seu favor é marcante, inesquecível e também de responsabilidade, pois estamos representando um país de mais de 200 milhões de habitantes. A gente sabe o peso que é a camisa. Ao mesmo tempo, você está realizando um sonho de atleta, que é participar de uma Olimpíada. Graças a Deus, consegui jogar duas, uma delas no Brasil, o que foi muito especial. Conviver com os melhores atletas do mundo na Vila Olímpica faz você se sentir uma pessoa especial por estar participando daquele momento.

 

A sua geração do handebol brasileiro foi e continua sendo muito marcante. Como você se sente fazendo parte dessa história?

Eu me sinto muito feliz, satisfeito e orgulhoso da minha trajetória. Continuo trabalhando em alto nível e pretendo jogar por mais três ou quatro anos. O esporte teve seus altos e baixos, mas a gente vê que o handebol muda a vida das pessoas e me deu muitas oportunidades. Agora, eu vejo muita garotada que tem a oportunidade de jogar na Europa, em clubes de grandes nomes, então é gostoso ver que estão tendo esse grande sucesso internacionalmente.

 

Qual é o segredo para a longevidade no esporte, assim como a sua?

O segredo é se manter bem fisicamente e ter uma cabeça boa, sempre pensando no esporte. A gente que jogou em alto nível sempre pensa em estar bem fisicamente e competindo à altura. E também o amor que tenho pelo esporte. Tudo que eu tenho hoje foi por meio do handebol. O esporte me abriu as portas, me deu oportunidade de estudo, tive meus bens materiais e até mesmo minha família por meio dele. Então, eu só tenho a agradecer. E agora é esperar a aposentadoria e poder devolver ao handebol tudo que ele me deu.

 

Sua esposa também teve uma carreira vitoriosa no handebol. Como é conviver com o esporte dentro de casa?

Já se tornou natural. Desde os meus 10 anos, quando meu irmão começou a jogar, a gente sempre falava de handebol dentro de casa. Era uma paixão. Meu pai gostava muito de futebol, até tentou nos levar para testes em alguns clubes, mas estávamos apaixonado pelo handebol mesmo. E depois que conquistamos as nossas oportunidades, começamos a perceber que poderíamos viver do handebol. E nunca imaginávamos que chegaríamos tão longe. Graças a Deus, consegui montar uma linda história, conhecer o mundo, ir a duas Olimpíadas, Mundiais, ser eleito duas vezes o melhor atleta olímpico pelo COB. Ao olhar para trás, eu penso “caramba, como foi gostoso construir tudo isso”. Então, conviver com o handebol dentro de casa é natural. Ele faz parte da nossa vida.

 

O que você tenta trazer para as gerações mais jovens em dias como os de hoje?

O que eu mais gosto de fazer em clínicas de handebol é justamente contar um pouco da minha história e o que o esporte proporciona na vida das pessoas, mostrando a importância de manter uma atividade. Eu tento passar esse valor e deixar a sensação de que o esporte não é apenas suar a camisa, mas tem também paixão, dedicação, valores, ética, disciplina, etc. Deixar esse legado que o esporte me deu como exemplo para essa garotada, para que possam se espelhar, é o que eu mais priorizo.

 

Como você vê as chances do handebol brasileiro em Tóquio?

Os Jogos são sempre muito difíceis para o Brasil, tanto no masculino quanto no feminino. No masculino, o caminho será um pouco mais difícil, em razão da chave em que o Brasil está, com times de ponta. Nós estamos construindo e caminhando para que possamos melhorar cada vez mais os resultados. Tivemos um ótimo resultado em 2016, com um sétimo lugar, e queremos continuar entre os oito primeiros. Hoje, o Brasil já está com um nível de competitividade muito alto e podemos chegar muito longe ainda.