AP Entrevista: Marcelo Contini


Publicado em: 1/8/2021

Confira a entrevista completa com Marcelo Contini, um dos All-Starts do AP61.

 

O atleta da seleção brasileira de judô já faturou uma medalha de prata no Mundial da modalidade em Budapeste, em 2017. 

 

Qual é a importância de passar a sua vivência no esporte para as crianças do AP?

Eu estou em uma fase da minha carreira, com 32 anos, na qual estou passando por um momento de transição, pensando em me aposentar daqui a um ou dois anos, que para mim está cada vez mais claro que é isso que realmente vale. Subir em um tatame cheio de crianças e poder passar um pouco do que a gente sabe é o que fica para nós. Todo o conhecimento técnico que temos não se compara com essa troca com as crianças. O judô carrega princípios para a vida toda. Poder ajudar, nem que seja apenas um pouquinho, é muito gratificante.

Na sua avaliação, qual foi o grande momento da sua carreira?

É difícil escolher apenas um. A medalha no Mundial, em 2017, foi muito especial e um marco em minha carreira, mas eu tenho outros momentos que me marcaram muito. Um deles foi uma medalha na Universíade e também as medalhas nos Jogos Mundiais Militares, além das medalhas internacionais em Grands Slams e Grands Prix. Cada medalha tem uma história. Às vezes, a competição em si não é tão renomada, mas você passou por um momento pessoal difícil e isso faz com que a conquista seja especial. Porém, sem dúvida, a medalha de prata no Mundial de 2017 foi o momento mais importante da minha carreira.

 

Infelizmente, você não se classificou para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Como foi esse aprendizado?

Eu não levo nem como uma frustração. Eu ficaria frustrado se não tivesse dado o meu melhor no percurso. Eu sou um cara muito grato ao judô. Conquistei muitas coisas dentro e fora do tatame. Realmente, uma medalha olímpica teria coroado a minha carreira. É algo que todo atleta de alto rendimento almeja e comigo não foi diferente, mas estar fora dos Jogos não é frustrante para mim pela minha trajetória e pelo que eu batalhei. A gente não consegue conquistar tudo. Eu não consegui a vaga olímpica, mas fico muito tranquilo com a carreira que construí porque sei que dei o meu melhor e curti todos os momentos. A vivência de hoje, por exemplo, fica para mim como aprendizado. Então, é óbvio que fiquei muito triste, chorei, tive meu momento, mas a reflexão com certeza é de uma carreira tranquila e gratificante.

 

E como você vê as chances brasileiras no judô em Tóquio?

Não acredito que tenhamos favoritos desta vez, mas vejo muitas possibilidades de medalha, principalmente nos pesos pesados. No masculino, temos o Rafael Baby, meu parceiro de clube e multimedalhista. Ele é sempre uma grande possibilidade, porém a categoria está num nível muito alto. Será dureza, mas o Baby cresce na hora certa. Já no feminino, a Suellen fez uma disputa muito dura com a Bia para ver quem iria para os Jogos e tem uma carreira muito sólida ─ três medalhas em Mundiais, já caminhou em chaves nas Olimpíadas, então ela também é uma grande possibilidade de medalha. Mas sendo bem franco, o nível mundial do judô atual realmente faz com que a competição seja muito difícil. Porém, quem está lá tem chances. Vou ficar na torcida por todos.